Accountability

Na disciplina eletiva sobre responsabilização (na verdade, accountability), professor Magrone propôs que lêssemos entrevista do professor Luiz Carlos de Freitas à Carta Capital e elaborássemos uma crítica contrária aos seus argumentos. Um exercício que gostei muito, elaborado com a colega Maria Luiza Barbosa. Segue o resultado para um tempo curto (portanto, sujeito a chuvas e trovoadas): 2. Leia atentamente a entrevista do professor Luiz Carlos Freitas e, a partir de uma análise de suas ideias, O professor Luiz Carlos Freitas levanta aspectos interessantes a serem refletidos. Numa entrevista rápida, pode não ter desenvolvido bem suas ideias. Na sua primeira resposta não acreditamos que se sustente em nossos dias o pensamento de que o que é bom para os EUA seja bom para o Brasil. Sendo assim, a política de bonificação criada para São Paulo não poderia ser entendida como uma cópia. As realidades, as motivações, o contexto geral, são muito diferentes entre a cidade de Nova Iorque e o Estado de São Paulo de forma que seria um tanto ingênuo nossos gestores copiarem um caso sem considerar outras experiências e comparar com o problema para a sua realidade, adaptando-a a um novo contexto. Os estudos nos EUA que recomendam cuidado com políticas de bonificação não descartam essas políticas e podem contribuir para seu aperfeiçoamento, corrigindo rumos, uma vez que não devemos confundir cautela com fracasso. O entrevistado estaria exagerando uma recomendação de cautela com implosão de um programa. Aproveitando as palavras do entrevistado, as conclusões desses estudos podem ser boas para os EUA, mas não o Brasil. Além disso, também há estudos que apontam resultados positivos em políticas de bonificação. Outro ponto a discordar seria a aversão dos professores por escolas de periferia, com diversos problemas sociais, que exigiram maior esforço. Entendemos que essas escolas seriam as mais atrativas pois teriam maior margem para dar visibilidade a um bom trabalho com resultados mais expressivos que levariam à bonificação. Escolas que não são problema, com elevado desempenho seriam mais difíceis de melhorarem pois já estariam numa patamar de excelência. A forma como o entrevistado coloca, sugere que escolas de periferia estariam fadadas ao fracasso. Esse ponto de vista vai de encontro a um papel fundamental de Estado: a de oferecer serviço de qualidade também a quem mais precisa, incluindo políticas de equidade. O professor parece contestar a idoneidade das empresas contratadas pelo governo para realizar o SARESP. As empresas foram contratadas respeitando edital e todos os trâmites legais previstos por nossa legislação. Todas as empresas que executaram o SARESP nesses anos também são responsáveis por outros programas importantes em todo o Brasil, executando avaliação em dezenas de unidades da federação e do Governo Federal. Colocar em dúvida os serviços de instituições (parte delas, Fundações ligadas a Universidades Públicas e não “empresas privadas” como ele coloca) é curioso e desvela desconhecimento surpreendente sobre a elaboração das provas (na verdade, testes) e metodologia aplicada e seus dados processados, pois tais pontos estão publicados nos editais de licitação. Além disso, para quem não deseja leitura tão técnica, pode consultar o portal da Secretaria de Educação, que os explica, ou ainda entender que o SARESP segue procedimentos idênticos a avaliações nacionais da educação básica. Quanto à questão do professor não trabalhar apenas por dinheiro é uma visão ultrapassada e que desvaloriza a profissão. Professor pode e deve ganhar melhor. Embora não tenhamos elementos para confirmar a posição do secretário de educação de São Paulo, acreditamos que essa política não corre risco de acabar no contexto atual, uma vez que incentiva o professor a melhorar seu desempenho e consequentemente de seus alunos.