Austrália tem sua própria solução para a educação: Gonski
Foto: A evidência é clara:. Equidade e excelência fornecem a melhor estratégia (Glen McCurtayne: AAP imagem, foto de arquivo)
Austrália
não precisa importar ideias de reforma da educação a partir dos EUA
ou de outro lugar - suas próprias reformas Gonski eliminariam a
desigualdade que está segurando suas escolas para trás, escrever Pasi
Sahlberg e Dennis Shirley.
Um enigma do debate de hoje em educação refere-se à estranha desconexão que ocorre entre a forma como as escolas realmente fazem as coisas e como elas são percebidas. Assim como outros tantos visitantes da Finlândia e dos EUA, descobrimos que as escolas na Austrália são melhores do que muitas vezes se declara publicamente.
O sistema público de ensino australiano, que tem servido com êxito a uma população grande e diversificada de estudantes, tem sido um modelo para muitos outros países com desafios semelhantes. A nosso ver, a nação não clama que importemos de outras nações as práticas da moda. Em vez disso, o que a Austrália precisa é pleno compromisso com o seu próprio acordo de compromissos assumidos em conjunto.
Os políticos são muitas vezes ansiosos para anunciar que o desempenho dos seus sistemas de educação está piorando apenas para justificar novas reformas.
No Canadá, Inglaterra, Nova Zelândia e Austrália, os sistemas escolares caíram no ranking em testes internacionais. Quando os últimos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) foram divulgados em dezembro passado, vários comentaristas concluíram que o sistema escolar australiano estava em crise e precisava ser reformado.
Tirando as manchetes, em casos como estes, pouca atenção é dada ao tema de quão equitativos os sistemas escolares são para crianças com diferentes condições da vida. A OCDE concluiu em seu estudo PISA 2012 que "os sistemas de ensino com melhor desempenho entre os países da OCDE são aqueles que combinam qualidade com equidade". Esse mesmo estudo descobriu que a Austrália é o único país onde as diferenças em matemática entre os estudantes favorecidos e desfavorecidos são grandes, enquanto a relação entre o desempenho dos alunos na escola e suas condições familiares é mais fraca do que a média. Isso indica que há um problema de equidade na Austrália, mas que as escolas públicas são capazes de lidar com grande parte da desigualdade que os alunos trazem consigo para a escola todos os dias.
O fato que interessa é que em todo o mundo os sistemas de ensino bem sucedidos conceberam cuidadosamente mecanismos para alocar recursos de forma equitativa para as suas escolas.
Todos os recursos na Finlândia, Coreia e Cingapura para suas escolas baseiam-se nas necessidades dos alunos, e não apenas em um quadro de funcionários. A revisão do financiamento para o ensino (Review of Funding for Schooling) pelos especialistas liderados por David Gonski é exatamente o que a Austrália precisa para melhorar a equidade e a excelência de suas escolas.
A questão não é se o governo deve ou não comprometer-se com o financiamento integral das sugestões do relatório. A questão é: Pode a Austrália se dar ao luxo de continuar a financiar a desigualdade em seu sistema escolar enquanto busca trazer o seu desempenho educacional geral de volta aos trilhos?
A Austrália pode construir grandes escolas para todos os seus filhos. Riqueza cultural fenomenal e riqueza nacional substancial criam uma plataforma única de melhoria que coloca Austrália à frente de muitas nações.
A ideia claramente articulada e amplamente compartilhada dos Objetivos Educacionais para Jovens Australianos (Educational Goals for Young Australians) na Declaração de Melbourne fornece uma base para o desenvolvimento que outros países só podem sonhar. A Declaração proclamou que os governos australianos "devem garantir que desvantagem socioeconômica deixa de ser um determinante significativo de resultados educacionais".
A recomendação de Gonski para financiamento mais justo de escolas esclarece como atingir esse importante objetivo nacional.
A Austrália tem um outro aspecto único em seu sistema de ensino. Ele tem uma das maiores proporções de crianças que estudam em escolas não-governamentais entre os países da OCDE. As escolas públicas educam mais de 80 por cento dos estudantes no quartil de mais baixo status socioeconômico, estudantes indígenas, estudantes em áreas remotas, alunos com carência de recursos, e a grande maioria dos alunos com dificuldades na língua inglesa.
Como consequência, as escolas públicas australianas profundamente segregadas continuam a sofrer com o injusto estigma social de servirem estas crianças carentes, ao invés de carregarem a conotação inspiradora de prover uma educação de alta qualidade e integradora para todos.
Em todo o mundo atual, todas as nações estão em uma encruzilhada de ensino. No mundo que está se tornando cada vez mais desigual, a evidência dos países da OCDE é clara: a equidade e a excelência combinadas fornecem a melhor estratégia de longo prazo.
O que quer que os políticos venham a dizer, não há necessidade de a Austrália transferir ideias de reforma da educação a partir dos EUA ou de qualquer outro país. O que este país precisa agora é respeitar os seus compromissos anteriores para reforçar o seu sistema de ensino público, a fim de construir um novo e inspirador sistema de escolas que não seja baseado em quaisquer modelos estrangeiros, mas sim definir uma visão e uma estratégia exclusivamente australianas e totalmente convincentes para dar uma boa educação para todas e cada criança.
Dr. Pasi Sahlberg é educador e estudioso finlandês. Atualmente é professor visitante da Prática na Escola de Pós-Graduação da Universidade de Harvard da Educação, em Cambridge, MA, EUA. Ver o perfil completo aqui . Dr Dennis Shirley é professor de Educação na Escola Lynch de Educação do Boston College. Ver o perfil completo aqui.
Publicado originalmente em <https://www.abc.net.au/news/2014-06-19/sahlberg-australia-has-its-own-education-solution/5536190>
Tradução e adaptação feitas pelo autor deste blog.
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