Salário

Este blog abriu no final do ano passado uma enquete salarial. Apenas por curiosidade, pois não teria validade estatística.
Bastava escolher uma das duas opções de plano de carreira e dizer se era ou não professor ou se pretendia ser, como vemos abaixo


O resultado obtido até o momento é de pura divisão: 50,5% preferem o primeiro plano e 49,5% preferem o segundo.
Ficamos no meio a meio.
Cerca de 79% dos que preferem o primeiro plano são professores. Cerca de 72% dos que preferem o segundo plano são professores. A diferença não é grande, pois 53% dos professores optaram pelo primeiro plano de carreira que prometia um salário inicial melhor. O segundo plano prometia um salário final melhor (para quem chegasse lá...).
O desafio aqui era de matemática financeira ou então de soma de uma progressão geométrica.
Para quem optou pelo segundo plano (plano D), iniciar com R$ 1.000,00 e chegar aos R$ 3.000,00 no final da carreira (com aumento de R$ 69,00 a cada ano) significa ganhar R$ 720.168,00 ao longo de toda a carreira. Um aumento de dois mil reais ao longo da carreira (200%)!
Para quem optou pelo primeiro plano (plano A), ou seja um salário inicial melhor mas sem muitos aumentos ao longo da carreira, terá recebido R$ 813.696,00 ao longo de 30 anos de carreira (salário inicial de R$ 2.000,00 com aumento de R$ 18,00 anuais até chegar a R$ 2.500,00. Um aumento de apenas quinhentos reais ao longo da carreira (míseros 25%)!
Como os números podem enganar. É uma diferença de 35% em favor de quem optou por salário inicial maior e salário final mais modesto. Isso mesmo. É uma vantagem enorme ter salário inicial elevado sem muitos aumentos do que ter um plano de carreira com salário inicial baixo com elevadas promoções.
O gráfico abaixo tenta mostrar como se comporta o salário percebido ao longo dos anos:

No gráfico, o plano A cresce pouco, bem menos que os planos C e D, não alcança esses planos. Mas insisto que nos planos A e B, o profissional ganhará mais dinheiro. A diferença de A para D é de mais de 93 mil reais a favor do plano A (quem rejeitaria esse dinheiro?).
Os planos B e C seriam soluções intermediárias. No B, as promoções seriam de R$ 100,00 a cada 5 anos. No plano C, começaria com salário intermediário aos do plano A e D (R$ 1.500,00 até chegar a R$ 3.000,00, aumento de 100%).
Essa análise poderia ajudar professores e gestores na hora de negociarem planos de carreira. Não estou aqui criticando lei de piso nacional, mas chamando atenção para o fato que é preciso equacionar com cuidado o salário em nossos planos de carreira.
Como podemos ver, seria uma ilusão aqueles planos que prometem polpudas promoções. Salário inicial alto, mesmo com poucas promoções é mais vantajoso, além de poder atrair melhores candidatos à carreira (porque vou ser professor com salário inicial de mil e tantos reais se em outra carreira o salário inicial é maior para quem tem graduação?).
Outra vantagem do plano A: o salário acumulado na primeira metade da carreira (15 anos) é 43% superior ao do plano D. Faça poupança desse dinheiro extra e o plano D será visto como ridículo.
Naturalmente, o plano A prevê mais gastos para o Governo, no entanto, imagina-se que estes mesmos gastos seriam compensados por uma taxa de aprovação maior dos alunos à medida que fosse atraindo mais e mais profissionais melhores e mais capazes.
Infelizmente, o plano D é o que mais vejo implantado em planos de carreira do magistério.

Sobre salários, essa matéria pode interessar (notem que o salário médio na reportagem, seria próximo do inicial do plano C):
Salário médio de professor sobe de R$ 994 a R$ 1.527
Faço parte do mundo e, no entanto, ele deixa-me perplexo.
Charlie Chaplin

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